Hispéria (ou Hespéria) 1. Uma das ninfas inácides concebidas pelo potâmoi Ínaco 2. Hispânia ou Península Ibérica (Hespérica), tal como referida por Camões 3. Cidades dos Estados Unidos da América (Califórnia e Michigan) 4. Asteróide descoberto em 1861 por Giovanni Schiaparelli 5. Espécie de insecto (Aphaenogaster hesperia) 6. Espécie de gastrópode (Inodrillia hesperia) 7. Região do planeta Marte (Planum Hesperia) 8. Espécie de borboleta 9. Jornal (Hesperia) académico de Arqueologia 10. Cidade da Península Ibérica para onde confluem viajantes de todas as partes do mundo e centro mundial de estudos em mitologia (Hispéria).

sábado, 21 de julho de 2012

O livro do escafandrismo

escafandrismoJuan Martinez, o velho sentado a fumar um cubano, é bisneto de Gavian Santa Cruz, um dos primeiros alunos da escola de escafandrismo construída por Napoleão, na Ilha de Santa Helena, em 1986. Tinha por companheiro de turma:

Pablo Quintero - 62 anos, sapateiro;
Tina Quintero - 59 anos, irmã de Pablo Quintero, desempregada;
Antonio Benitez - 73 anos, alfaiate;
Juan Bermudez - 32 anos, pirata das Caraíbas;
Fernando Gullén -  58 anos, inspector da polícia;
Helga Liné - 34 anos, costureira;
Alfonso Vallejo - 48 anos, professor primário.

Sob a orientação de Napoleão, o grupo reunia às 7 da manhã. Tina servia o café e o pão com manteiga, e Napoleão desenhava esquemas complexos no quadro. Frequentemente, era interrompido por Helga Liné, que anunciava numa voz aguda: "Senhor Napoleão, não pode ser assim, o menino não comeu nada!". Napoleão continuava a desenhar ainda mais entusiasmado. Para que Napoleão não perdesse todos os desenhos, porque teria de apagar para desenhar novamente, conseguiu que a Marinha Inglesa lhe cedesse todos os quadros de lousa a bordo de todos os navios. Conseguiu juntar 2, um deles partido porque um marinheiro cabeceou-o fortemente para perder os sentidos (um jogo muito popular à altura entre embarcados de longa duração). Helga Liné costurava os fatos, Antonio fundia os metais, Alfonso polia e soldava quando necessário, Fernando coordenava os trabalhos, Juan acondicionava os tubos do ar, Gavian anotava perguntas complexas no caderno de Napoleão, para que ele continuasse a desenhar esquemas no quadro e não interferisse no processo construtivo, Tina assistia a tudo com muita atenção e sem dizer uma palavra - sempre que alguém se sentia ignorado, e portanto mais triste, olhava para Tina, que respondia com um encorajador sorriso.
Às 10 da manhã o grupo saía para ensaiar o escafandro na lagoa funda, mas não sem antes deixar escrita uma série de questões, envolvendo geologia, geografia, geometria, filosofia, psicologia, matemática, física e química, medicina, ventriloquismo e equilibrismo, de modo a que Napoleão continuasse os seus esquemas sem interferir nos treinos.
Às 11 da manhã o grupo parava para recompor a barriga, comendo preferencialmente favas e cubos de carne de frango, acompanhadas de vinho branco.
Às 11.10 mergulhavam Alfonso Vallejo, o professor primário, na lagoa com o escafandro vestido.
Às 13.00 recolhiam Alfonso Vallejo, retiravam as anémonas e as estrelas do mar agarradas ao fato.
Depois de almoçarem, passavam o resto do dia a jogar futebol, com a cabeça do escafandro a fazer de bola.
Tudo isto conta o velho entre uma e outra bafurada de fumo. Despedimo-nos, justificando urgência em chegar ao mercado antes do seu fecho, e viramos costas.
-Este é um dos maiores trapaceiros de Hispéria, deste tempo e do outro também - diz o tio Alcides. - De seguida dirá que tem em sua posse o livro do escanfandrismo com cópias de todos os esquemas de Napoleão, e que, como precisa muito de dinheiro, está disposto a vendê-lo por uma quantia justa, à volta de 15,000 euros. Já vendeu muitos livros de escafandrismo a viajantes de leste, sobretudo, que apreciam muito a arte do escafandrismo. Não são mais do que cadernos gatafunhados pelo sobrinho, um idiota chamado Armand Rafael, inspirados num documentário que passou na National Geographic. Já tentou vender-me o livro centenas de vezes e mais algumas.

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